quarta-feira, 21 de março de 2012

Muita emoção no sepultamento de Tiago Luna


A emoção tomou conta da cidade durante o cortejo e sepultamento do Agente de Endemias Tiago Luna. Seus colegas de trabalho conduziam uma faixa. Os amigos da Quadrilha Sabojunino, da qual Tiago fazia parte, o homenagearam com  um cartaz que trazia versos da canção "Se lembra Coração", que fez parte da música da quadrilha no ano de 2011. Os amigos do Terço dos homens também seguiram o cortejo identificados, juntamente com o bloco de carnaval "Os Caras", e tantas outras pessoas no meio da multidão: funcionários da secretaria de saúde, conselheiros da saúde, alunos das escolas Manoel Gonçalves dos Santos (Anexo) e Lídia Bezerra, entre outros. À frente, um carro de som abria caminho ao som de "Canção da América". 

A celebração de corpo presente foi presidida pelo Padre Glebson, e foi mais um momento carregado de emoção, com muitos cânticos que falavam de amizade, de fé, ressurreição e despedida. Foi lida uma mensagem em nome de todos que tinham o privilégio de conviver mais próximo com o Tiago, e no final, os companheiros de quadrilha que transformaram a letra da canção citada em voz e emoção.

"Aonde você for me leve com você, não deixe de querer nem de gostar de mim/ Aonde você for eu quero ir com você, não quero te perder, viver tão triste assim/ Me leve na cabeça ou antes que eu esqueça, você pode me levar na fotografia/ ou escutar no rádio uma canção, Se lembra coração... Se lembra coração... Se lembra coração..."


Mensagem:


Senhor,
Precisamos aceitar o que a nossa limitação humana nos impede de aceitar, entender o que a barreira de nossa ignorância bloqueia, compreender que a morte não é tudo. Não é o final.

Oh, Deus, mas o peso da saudade e da dor nos impede de entender que a morte é apenas uma passagem para a sala seguinte, que tudo permanece como sempre foi, e que morrer é apenas não ser visto.

Pai celeste, ensina-nos a compreender que a antiga vida que vivemos ao lado daqueles que amamos e partem para a eternidade permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro, sempre seremos, não importa a distância física.

Nosso Tiago partiu muito cedo, e nesse momento ainda estamos feridos demais pra entender que essa nossa relação não acabou: apenas se transformou. A lembrança daquele sorriso singelo ao adentrar na secretaria de saúde, ou da expressão de seriedade e interesse nas reuniões do Conselho Municipal de Saúde com certeza fará parte do nosso convívio para sempre.

Hoje, dor e saudade estão caminhando juntas, de mãos dadas. Mas, quando a dor der lugar apenas à saudade, será mais fácil fechar os olhos e te sentir presente sem que uma torrente de lágrimas e incompreensão inunde nossos olhos e nosso coração. Será mais para nós familiares, amigos e colegas de trabalho falar sobre tudo isso que tá acontecendo, sobre o aparente vazio que mergulhamos, pois então compreenderemos que verdadeiramente o espaço não ficou vazio, e nos daremos conta que continuaremos falando do Tiago da maneira que sempre fizemos, sem mudar o tom, sem usar nenhum ar solene ou de dor. E sermos então capazes de rir como sempre fazíamos juntos, nos momentos de descontração, no trabalho, nos ensaios e apresentações da quadrilha, cada vez que prepararmos o nosso carnaval, em cada vez que ouvirmos os acordes de um violão, em cada vez que combatermos o mosquito da dengue.

Quando a dor se for, poderemos brincar e sorrir, e pensar sempre, e rezar sempre por você e por nós. E seu nome, Tiago, será então uma palavra comum em casa, e em todos os ambientes que compartilhávamos com você como foi, porque será pronunciado sem esforço, sem fantasma ou sombra. Não porque o teremos esquecidos, mas porque A vida continua a ter o significado que sempre teve, mesmo depois da morte, pois existe uma continuidade absoluta e inquebrável. Afinal, Tiago, o que é afinal a morte se não apenas ficar fora do alcance da visão? A curva da estrada, o outro lado da porta? Enfim, cada um de nós cedo ou tarde venceremos o obstáculo da curva, abriremos a porta de acesso a esta outra etapa da vida, no tempo que Deus determinar, e assim todos cumprimos nosso ciclo de vida. Se pudéssemos te ouvir agora, provavelmente escutaríamos essas palavras: “estou aqui, estou perto, ainda vivo! É como num intervalo, bem próximo, na outra esquina. Está tudo bem! Estou nos braços do Pai!”

Vá em paz, meu amigo!

Homenagem da Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Municipal de Saúde, Agentes de Endemias, Quadrilha Sabojunino, Terço dos Homens, Bloco Os Caras e Blog Saboeiro Existe.







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