quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Expectativa do I Encontro dos Filhos da Terra do Galo nas palavras da jornalista Suzete Nocrato



É preciso preparar a alma para o reencontro. Trazer de volta à memória do tempo as imagens perdidas na "estrada da vida". Relembrar prazerosamente as ladeiras de pedra portuguesa, os casarios do século XIX destruídos pela incompreensão de seus donos, as tertúlias nos salões de casas de família, os namoros escondidos e concedidos, o medo, as alegrias de uma infância livre, as primeiras letras no grupo escolar...

Homens e mulheres, realizados e muito a construir, revivendo sentimentos que os aprisionam nas turvas águas do rio Jaguaribe, no galo na torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Purificação, nas festas no mercado público, nas novenas e passeios aos caldeirões. Presos ainda ao som dos tambores anunciando a festa de São Gonçalo no terreiro de terra batida em frente à casa do Antônio Luiz. A dança cortando a noite os atinge com a mesma emoção de outrora.

Parecem crianças que trazem dentro de si os sonhos grandiosos que cabiam na palma da mão e os faziam voar além da pequena Saboeiro. Seriam reféns do passado que insiste aprisioná-los? Ou estariam se alimentando do passado na desvairada ilusão de aprisioná-lo para recriá-lo, comendo "aquilo que já deixou de existir", no compreender de Rubem Alves.

O passado se confundirá com o presente no próximo sábado (1º de junho), quando filhos e amigos de Saboeiro, cidade encravada no sertão dos Inhamuns e que remonta ao fim do século XVIII, reúnem-se na casa de show Kukukaia (Fortaleza) para o I Encontro de Saboeiro - a Terra do Galo.

Pretendemos, com esse encontro, resgatar a história de Saboeiro, suas lutas e conquistas, bem como promover o reencontro de parentes e amigos que há muito não se vêm, bem como estreitar laços de companheirismo, amizade. Será um dia de festa, de emoção, de paixão. Enfim, de vivermos um pouquinho a nossa terrinha das calçadas altas, dos caldeirões. Temos orgulho de nosso chão, de nossa gente, de nossa história.

TERRA DO GALO

Quando a colonização atingiu os nossos sertões, o casal João Batista Vieira e Antônia de Oliveira e os sete filhos (seis mulheres e um homem) instalaram-se no hoje município de Saboeiro, provenientes de Itamaracá (PE). Descendente das famílias espanhola e portuguesa Sanches e Carvalho, cristãos novos perseguidos pelo Santo Ofício e que se viram obrigados a fugir para o Brasil, o casal espalhou sua prole por várias regiões do Ceará e Pernambuco. 

Uma das filhas, Ana, casou-se com o português José de Oliveira Bastos, passando a residir na fazenda Santa Cruz, chamada posteriormente Carcará (Caracará), nas cercanias da hoje cidade Saboeiro. Desse casal bem-sucedido e de prole numerosa, nasceriam os Carcarás, tradicionalmente conhecidos na Província.

A esse conjunto de pioneiros juntaram-se moradores vindos de outras regiões e formou-se o Arraial de Santa Cruz do Caracará (hoje Saboeiro), legendariamente próspero e a adotar costumes domésticos que outros redutos não possuíam. Como forma de opulência e exibicionismo, as redes atadas nos alpendres residenciais o eram em armadores de ouro e correntes trabalhadas no mesmo metal. As casas, rebocadas com claras de ovos.

Os "Carcarás" atravessam os tempos e se perpetuam em seus descentes, representandos por diversos sobrenomes, dentre eles Fernandes Vieira, Bastos, Braga, Santos, Cândido, Batista, Cavalcante. De qual ramo pertenço? A alguns deles. Pelo lado paterno: Bastos, Braga, Oliveira. Da minha mãe, trago no sangue as lutas e conquistas dos Fernandes Vieira, Batista, Cândido, Santos, Braga. Independentemente do sobrenome, nós saboeirenses temos orgulho de nossa origem.

É o momento de reviver a infância, reencontrar os amigos, reforçar laços de amizades. e companheirismo Amigos e parentes já estão aportando em Fortaleza vindos de outras paragens somente para esse encontro histórico. Aos que ainda não adquiriram o comboio (camisa e entrada) não percam tempo, corram para comprar. Aproveitemos essa oportunidade. 

O encontro é de todos nós, saboeirenses e amantes da Terra do Galo.

(Texto da jornalista Suzete Nocrato)

3 comentários:

  1. Ah! Que maravilhoso vai ser este encontro. Quisera poder está presente. Rever amigos, parentes, conterrâneos colegas de escola companheiro de luta política. Tudo de bom.Espiritualmente estarei aí. Pretendo acompanhar minuciosamente, tudo que que a net poder capitar. Nada como a emoção do abraço do toque de pele, do olho no olho, do disse me disse.

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  2. Não estarei presente, porém fico na torcida pelo sucesso desse grande encontro. Tão maravilhoso será recordar as aventuras do ´passado, vividas na Terra do Galo.Sinceramente desejo que todos sejam felizes. Parabéns Suzete por suas belas palavras.

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  3. Minha pequena Saboeiro,os seus filhos te amam.

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