O exercício da cidadania pressupõe que os cidadãos participem da vida comum, organizem-se para alcançar o desenvolvimento do lugar onde vivem e exijam o desempenho adequado tanto dos poderes constituídos, quanto dos serviços públicos. A corrupção nas suas mais diversas formas é um dos grandes males que afetam o poder público, principalmente o municipal e, conseqüentemente, é uma das causas decisivas da pobreza do país e das cidades.
A corrupção corrói a dignidade do cidadão, contamina os indivíduos, deteriora o convívio social, arruína os serviços públicos e compromete a vida das gerações atuais e futuras. O desvio de recursos públicos não só prejudica os serviços urbanos, gera o desemprego e traz o abandono de obras indispensáveis à cidade e ao país; ele atrai a ganância, estimula a formação de quadrilhas e evolui para o crime organizado, o tráfico de drogas e armas. Uma coisa atrai a outra e, quase sempre, estão todas associadas.
Por outro lado, os investidores sérios afastam-se de cidades e regiões onde vigoram práticas de corrupção e descontrole administrativo. Os efeitos visíveis da corrupção são perceptíveis na carência de verbas para obras públicas e manutenção dos serviços da cidade, pois se isso fosse feito facilitaria a circulação de recursos, a geração de empregos e riquezas. Os corruptos tendem a aplicar o grosso do dinheiro desviado longe dos locais de origem para não chamar atenção, e isso funciona como um dreno aos recursos da comunidade.
A corrupção afeta a qualidade da educação e a assistência aos educando, pois, os desvios desmotivam os professores, subtraem recursos da merenda e do material escolar, prejudicam o desenvolvimento intelectual e cultural das crianças e as condenam a uma vida mais limitada no futuro.
A corrupção compromete também os recursos para a saúde, o bem estar dos cidadãos, encurtando as suas vidas e os condenando a doenças que poderiam ser facilmente curadas e tratadas. O desvio de recursos públicos, pelos prejuízos que provoca, deveria ser equiparado ao crime hediondo, pois compromete a vida dos cidadãos de hoje e das crianças, que são o futuro do país, condenando a nação ao subdesenvolvimento econômico crônico.
Por isso, o combate à corrupção deve estar na pauta diária dos cidadãos que têm espírito público e que sonham com um país melhor para seus filhos e netos. Os que compartilham da corrupção ativa ou passivamente, ou dela se servem de alguma forma, devem ser responsabilizados não só, civil e criminalmente, pelos danos que provocam, mas também, eticamente, pois, ao admitirem a corrupção, ela passa a ser aceita como um fato natural no dia-a-dia da vida pública ou admissível, como normal, no cotidiano da sociedade. Não se deve aceitar que a corrupção faça parte da cultura nacional.
O combate à corrupção deve, portanto, constituir-se em uma agenda de todo cidadão e de todos os grupos organizados que trabalham pelo desenvolvimento do país e querem construir uma sociedade justa e solidária. Dificilmente um projeto social prospera em um ambiente onde predomina a corrupção, pois ele acaba sofrendo os efeitos da mesma, e as suas ações se perdem e se diluem na desesperança. De que adianta uma sociedade organizada ajudar na canalização de esforços e recursos para um projeto social ou cultural de uma cidade se o poder público municipal, que é o responsável por esses projetos, está corrompido pelo desvio do dinheiro público.
Texto de Francisco Fernandes (Paulista)- Blog Alerta Antonina
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