quarta-feira, 29 de junho de 2011

Um saboeirense recebeu esse mês título de cidadão cratense


Especial para o Blog do Crato
Pelo nome de batismo, Francisco de Sousa Martins é quase um desconhecido. Mas se o seu apelido for pronunciado, praticamente será uma unanimidade. Chico Boa Sorte não é somente uma das figuras mais populares da cidade, mas também uma pessoa muito benquista por todos os seus amigos e conhecidos.
No bojo das comemorações do título de cidadão cratense a ele concedido, aprovado através do Projeto de Resolução de autoria do vereador Luís Cory, lhe fizemos uma visita. A manhã estava bela e ensolarada. Uma manhã domingueira típica. Os visitantes eram eu, meus irmãos Osvaldo (Tobinha) e Emanoel, e o amigo de longas datas, Ivo Leite. Lá encontramos diversos outros amigos, todos incondicionais fregueses e amigos de Chico Boa Sorte.
A casa comercial de Chico, contígua à sua morada, estar localizada em um dos bairros mais aprazíveis da cidade, a Vila Alta. Como o topônimo antecipa, a Vila Alta situa-se em um morro na parte oeste do Crato. Precisamente da varanda do Bar de Chico Boa Sorte, vislumbra-se uma privilegiada e estonteante paisagem da cidade, com a colossal e imponente Chapada do Araripe ao fundo. Um cartão postal e tanto.

Tobinha, Emanoel e Ivo Leite são velhos amigos de Chico Boa Sorte, desde quando ele tinha uma mercearia na Rua da Cruz, quase defronte à casa onde morávamos, na década de 1970. Por ser o mais novo dos irmãos, não travei amizade com Chico já naquela época. Mas lembro muito bem dele e de seu comércio, que eram uma atração à parte naquela bucólica artéria urbana.

Chico Boa Sorte viu pela primeira vez a luz deste mundo no primeiro dia do ano de 1936, no município de Saboeiro, centenária cidade da região dos Inhamuns cearense. Viveu por lá até os 13 anos de idade, quando se mudou “de mala e cuia” para Assaré, onde sobreviveu trabalhando no duro mourejar da roça. Ao completar a maioridade etária, teve que se registrar para cumprir o dever cívico do voto. Assim, consta no seu registro de nascimento que ele é natural de Assaré. Neste seu segundo berço natal, Chico viveu até o ano de 1962, quando arrumou as malas, juntou os “cacarecos” e foi tentar a sorte no município de Jucás.

Nesta sua nova paragem, trabalhou pela primeira vez no comércio, atrás de um balcão de mercearia, que no interior é mais conhecida como bodega. No entanto, a “roda da fortuna” ainda não tinha lhe dado o ar da graça. Sem conseguir se estabelecer em Jucás, em pouco mais de um ano empreendeu nova mudança, desta feita para um destino que jamais abandonou: o Cratinho de Açúcar, coração do Cariri, seu terceiro e definitivo berço natal. O responsável por este agora reconhecido feito histórico foi o então funcionário da CECASA – Cerâmica Cariri S/A, Osvaldo Ferreira dos Santos, que convidou e acolheu carinhosamente Chico Boa Sorte em seu lar.

No Crato, Chico Boa Sorte inicialmente montou uma mercearia na Rua da Cruz, nome popular da Rua Teodorico Teles, no bairro conhecido como Bairro (também) da Cruz. Batizou sua casa comercial como Mercearia Boa Sorte, antevendo um de seus principais atributos: a sorte nos jogos de azar. Chico Boa Sorte ganhou incontáveis vezes em loterias, rifas e no Jogo do Bicho. E continua ganhando, desde valores altos à pequenas quantias. No momento da nossa visita, um cambista do Jogo do Bicho veio lhe entregar o prêmio pelo acerto em uma das dezenas do jogo do dia anterior. Incontinenti, Chico fez nova aposta, ele mesmo anotando os números na cartela do jogo.
Chico permaneceu com sua mercearia na Rua da Cruz por nove anos, quando se mudou para a Rua Nelson Alencar, já próximo ao centro da cidade. No dia 20 de setembro de 1978, enquanto o Santos “suava” para vencer o time do Noroeste pelo magro placar de 2 a 0, pela oitava rodada do 1º turno do Campeonato Paulista, - Chico Boa Sorte inaugurava o novo ponto de sua mercearia, hoje conhecida como Bar do Chico Boa Sorte, no mesmo local onde ainda hoje reúne uma gama de pessoas que tem no local uma referência de bom atendimento, desconstração e boa conversa. Chico é sempre o mais animado da roda, contando causos com inquestionável senso de bom humor e estilo próprio.

A Vila Alta, além de Chico Boa Sorte e do seu bar, tem várias referências de pessoas e recantos que aumentam a mística do local. Desde a família de Seu Mário Correia, primeiros moradores do bairro, até o músico e multimidiático Dihelson Mendonça, outro ilustre “vilaltense”, passando pelo Restaurante de Seu Branco, onde se degusta um delicioso peito de frango fritado na banha de porco, na Rua Vicente Leite; por sinal, quase vizinho ao Bar do Chico Boa Sorte, .
Por tantos atrativos, além da sua privilegiada localização, a Vila Alta é um dos principais ícones da cidade e tem, ao mesmo tempo, o metro quadrado dos mais valorizados do mercado imobiliário local.


Com certeza, personagens como Chico Boa Sorte estimulam essa valorização, tanto simbólica como real.
A concessão da cidadania cratense, feita pelo Poder Legislativo local, fez-lhe, desta forma, a devida justiça, apesar de tardia.
Mas, como diz a sabedoria popular, da qual Chico Boa Sorte é um dos grandes representantes: antes tarde do que nunca.

Reportagem de Carlos Rafael Dias


Fonte: Blog do Crato

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