terça-feira, 9 de agosto de 2011

Meu Contato com o Poeta César Leal


Hoje foi um dia marcante em minha vida. Um conhecido me trouxe um número de telefone, dizendo-tratar-se de alguém que queria muito falar comigo. Ao ler o nome no papel, fiquei sem acreditar, imaginando se seria mesmo o poeta César Leal, um dos filhos mais ilustres de Saboeiro, referência da literatura contemporânea no Brasil e exterior. Imediatamente liguei, ansiosa pra confirmar se realmente se tratava da pessoa que eu imaginava. Poucos instantes depois eu estava envolta numa das conversas mais deliciosas que já tive na vida.

Quanta honra, imaginava eu a cada palavra que ouvia do sábio conterrâneo. Tive a mais valiosa aula de história de Saboeiro durante a meia hora que conversamos, fato que aguçou ainda mais meu desejo de resgatar essa história perdida em ruínas de um passado glorioso, de uma cidade que foi berço de uma civilização luxuosa e nobre, de um contexto cultural memorável, passado esse que agoniza no risco eminente de mergulhar de vez no esquecimento, porque as novas gerações muito pouco sabem das raízes do seu berço natal.

César Leal falou-me com saudosismo e paixão da Fazenda Belmonte onde nasceu, que pertenceu ao Visconde do Icó. Era visível sua emoção ao descrever a imponência da Casa que pertenceu ao Visconde, e de como este foi importante para Saboeiro. Fiquei sabendo que o terreno para a construção da Igreja Matriz da cidade foi doado pelo Visconde, que o galo da torre da Igreja era um costume oriundo da Idade Média, e que provavelmente usá-lo na Igreja de saboeiro tenha sido influência do filho do Visconde, Senador Miguel, importante nome da época, profundo conhecedor de todos esses fatos ligados à Idade Média. Senador Miguel teria sido entre outras coisas, Chefe de Polícia, Deputado, Desembargador e Senador (Senador por 60 dias, quando veio a óbito aos 46 anos de idade).

César Leal é uma verdadeira enciclopédia histórica de Saboeiro. Ele tem em mãos o documento de batismo do Visconde, assinado pelo pároco que o batizou, que comprova que o mesmo nasceu em 1777, e não em 1784, como o próprio Visconde registrou em seu testamento, documento esse que também está nas mãos do poeta. César lamentou a destruição do patrimônio histórico relacionado ao Visconde, como suas propriedades, a casa do Belmonte, que deveria ter sido tombada, a sua residência na sede do município, que era localizada onde hoje é o prédio da Prefeitura. Uma das curiosidades que chamaram minha atenção nesse precioso "mergulho na história", foi o uso de mais de um milhão de clara de ovos na pintura das paredes da casa do Belmonte. "Ficou brilhante como uma estrela", disse César. A técnica artesanal era usada para dar um efeito semelhante ao liquibrilho, usado hoje em dia no acabamento das pinturas.

O autor cearense também falou da prestigiada família conhecida como Carcarás, que deu origem à civilização da cidade, e que, ao ser ver, deveria estar ainda atuante no cenário municipal, engajada na política, nas questões de maior relevância. Referenciou também pessoas históricas, como Dário Braga, e a antiga banda de música da qual este fazia parte, e que eu nunca tomei conhecimento. De acordo com César, a antiga banda de música era reconhecida em toda a região. Mencionou também as habilidades do jovem Prisco Braga com a bola, e que foi assassinado ainda jovem, um dos mais conhecidos crimes dentre os muitos que foram praticados aqui no passado.

O Poeta chegou a té a mim através do Blog Saboeiro Existe. Vejam só o poder da internet... Um clique e eu fiquei na mira de um homem, que, através do que escrevo, soube fazer de mim uma análise mais precisa do que muitos, que convivendo comigo anos e anos, jamais seria capaz de fazer.

Ah, Poeta... o presente que tu me deste não tem preço. A nada pode se comparar esse sentimento de orgulho do seu próprio eu, do seu trabalho... Esse presente se reflete diretamente na elevação de minha auto-estima, na certeza de que estou no caminho certo, que minha voz tá ecoando longe, e, principalmente, que podemos ter orgulho de ser saboeirenses.

Conheçam mais sobre César Leal em seu site. Acessem: www.cesarleal.com.br

Conhecer a vida e a obra de César Leal é um banquete cultural e literário. Além do site do poeta, diversos outros referenciam e reverenciam o autor.

Biografia de César Leal

Poeta, crítico de poesia, graduado em Filosofia e jornalismo, título de NS Notório Saber. Parecer 242 / 80, do Conselho Federal de Educação, professor de Teoria da Literatura da Universidade Federal de Pernambuco. Muito cedo ingressou no serviço público em Fortaleza. Trabalhou em Belém, e, a seguir, Manaus, Rio e Belo Horizonte onde fez grandes amigos: Cristiano Martins, Abgar Renault e Emílio Moura que, em suas obras completas, lhe dedicou um poema Entre os "novos", conheceu Fábio Lucas, que o lançou através da revista "Vocação". Ao assistir as aulas de Abgar Renault na Faculdade de Filosofia da UFMG, passou a admirar os poetas metafísicos ingleses Marvel, Donne, Herbert. Transferido para o Recife, Mauro Mota o admitiu no Diário de Pernambuco. Aí, conheceu Eduardo Portella, recém-chegado da Espanha, a quem considera um dos renovadores da crítica no Brasil.

Embora escrevesse poesia desde os 9 anos, estreou em livro em 1957, ganhando o Prêmio Nacional "Vânia Souto Carvalho". Professor de teoria da literatura da UFPE, desde meados da década de 60. Em 1965, publicou um ensaio sobre Dante, sendo condecorado por tal estudo "Cavaliere" da Ordem do Mérito da República da Itália, pelo presidente Sandro Pertini. Em 1970, durante uma temporada nos Estados Unidos, tornou-se o primeiro poeta da língua portuguesa a gravar ao vivo poemas para a Biblioteca de Poesia da Universidade Harvard. Fundou o Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE ( mestrado e doutorado) onde formou um núcleo de estudos literários classificado pelos órgãos avaliadores da CAPES e CNPq como um dos cinco melhores do País. Ainda em 70, fundou com Roberto Magalhães, a revista " Ensaios", de nível internacional. Fez parte do grupo que durante mais de 30 anos se reunia no Engenho "São Francisco" do pintor Francisco Brennand, onde se discutia arte, literatura e política. O grupo era formado por Debora-Francisco Brennand, Ariano Suassuna e o poeta Thomas Seixas.

Em 1980, o então ministro da Educação, Eduardo Portella o nomeou para o Conselho Diretor da Fundação Joaquim Nabuco, de onde saiu para o cargo de membro do Conselho Federal de Cultura, por indicação do ministro Celso Furtado ao Presidente Sarney. Editor da revista Estudos Universitários, desde 1966. Através dela e do suplemento literário do Diário de Pernambuco, que dirigiu durante 37 anos, lançou os poetas da "Geração de 65" e continua a lançar novos autores, o que fez Oswaldino Marques o considerar uma espécie de Erza Pound, na sua quase mania de ajudar àqueles que considera injustiçados pela crítica.. No prefácio de Tambor cósmico, Cassiano Ricardo o considerou " poeta de gênio". O primeiro artigo sobre sua poesia foi publicado por Osman Lins, no "Estado de São Paulo", em 1958. Seguiram-se estudos que lhe asseguraram uma fortuna crítica da mais alta qualidade intelectual e técnica.. No Conselho Federal de Cultura, foi autor do Parecer que resultou na criação do "Prêmio Luís de Camões", instituído pelos governos do Brasil e de Portugal, em 1988.

Prêmios: Entre os numerosos prêmios recebidos, figuram o "Menendez y Pelayo" do Instituto de Cultura Hispânica (1956); o "Othon Bezerra de Melo, da Academia Pernambucana de Letras (1964); o Prêmio de Poesia (Obra Publicada) da Fundação Cultural do Distrito Federal, Brasília (1970); o " Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (1987); o da Fundação Nacional Pró-Memória, Brasília, (1989): a Medalha de Ouro Joaquim Cardozo, de Honra ao Mérito, da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, filiada a Associação Latino-Americana de Associações de Sociedades de Escritores (1999) por seu livro Tempo e Vida na Terra, edição da Imago-Biblioteca Nacional.

Condecorações e honrarias:

Condecorado várias vezes com a Ordem Capibaribe por serviços prestados à Cidade do Recife.

Cidadão Honorário do Estado de Pernambuco por serviços prestados a sua cultura e ao ao povo pernambucano.

Por seu ensaio "Dante e os modernos", foi condecorado "Cavaliere" da Ordem do Mérito da República Italiana, por Decreto do Conselho de Ministros da Itália, sancionado pelo presidente Sandro Pertini (1982).

Diploma de Cultura Oliveira Lima, do Conselho Estadual de Cultura.de Pernambuco.

Troféu Criadores da Cultura do Conselho Municipal de Cultura da Cidade do Recife

Medalha " Joaquim Cardozo", da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, filiada à Federação das Associações de Escritores Latino-americanos, pela publicação de seus poemas reunidos, Tempo e Vida na Terra IMAGO-FBN, Rio, 1999.

Fonte: O Nordeste

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