O Brasil acordou hoje com o silêncio da sanfona de Dominguinhos

O herdeiro do talento, da musicalidade, da nordestinidade do Velho Lula, Dominguinhos, calou a sua sanfona neste dia 23 de julho de 2013. Com certeza, esse silêncio não será eterno, pois eterna é a música de Dominguinhos. Quando passar o impacto da perda, apenas o som da sanfona vai ser mais triste no coração de todos nós.

O compositor e sanfoneiro Dominguinhos saiu de cena aos 72 anos. Foram quase sete meses internado em coma no Hospital Sírio Libanês, em SP. Foram sete anos de luta contra um câncer de pulmão, lutando bravamente pela vida, resistindo a duros tratamentos e a consequência da doença, como insuficiência ventricular, arritmia cardíaca e diabetes. Mas o guerreiro só deixou de subir nos palcos no limite da doença, em 2012.

José Domingos de Moraes, nascido na cidade de Garanhuns, interior de Pernambuco, no dia 12 de fevereiro de 1941, ganhou o País e se tornou o principal nome da música nordestina, tendo sido sempre considerado a maior referência musical de Luiz Gonzaga.

Dominguinhos interessou-se por música desde cedo, começando a aprender sanfona com seis anos de idade, quando ganhou um pequeno acordeão de oito baixos e chegou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro junto com seus dois irmãos, com quem formava o trio "Os Três Pingüins". Praticava o instrumento por horas a fio, e logo tornou-se proficiente nas sanfonas de 48, 80 e 120 baixos, e acabou por tornar-se músico profissional ainda garoto.

Dominguinhos tinha apenas nove anos quando conheceu Luiz Gonzaga, no ano de 1950. Na ocasião ele tocava em frente ao hotel onde o Rei do Baião estava hospedado, que logo se encantou com o talento e a desenvoltura do pequeno músico e o convidou para ir pro Rio de Janeiro. Três anos mais tarde, o pai de Dominguinhos decidiu ir em busca do destino de seu filho e se mudou com a família para Nilópolis, então o sonho do garoto José Domingos tornaria-se a partir de então, uma doce realidade, apadrinhado por Luiz Gonzaga, que se tornou também seu melhor amigo.

Ao encontrar-se com Luiz Gonzaga no Rio, este deu-lhe de presente uma sanfona e o integrou à sua equipe de músicos, e Dominguinhos, que recebeu esse nome artístico por sugestão do seu padrinho artístico, passou a fazer shows pelo Brasil e participar de gravações.  A sua integração à equipe de músicos de Luis Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador e ele aproximou-se de músicos do movimento bossa nova. Fez trabalhos junto a inúmeros músicos de renome, como Gilberto Gil, Maria Bethânia, Elba Ramalho e Toquinho, e eventualmente acabou por consolidar uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.

Em sua brilhante trajetória, teve 42 discos gravados, compôs centenas de músicas, participou de inúmeros programas de televisão, recebeu diversos prêmios importantes.

De temperamento calmo, do tipo que adorava sentar numa roda de amigos e falar do seu amor pela música, o artista, como escreveu tão bem Paola Correa para o R7, adorava "sentar e colocar sua sanfona no colo e fazê-la chorar, para alegrar o povo, pra cantar seu povo nordestino. O instrumento era quase uma extensão de seu coração".

Ao som mágico de sua sanfona, Dominguinhos imortalizou sucessos como: Gostoso Demais, De Volta Pro Aconchego, Eu Só Quero Um Xodó, Isso Aqui Tá Bom Demais, entre tantos outros.

Então, se livre do corpo nossa alma carrega parte do que vivemos aqui na terra, a orquestra celeste está em festa, porque o dueto com o Velho Lula deixou a eternidade, sem dúvida, mais animada! Vá em paz, Dominguinhos! Deixa tua sanfona chorar aí céu, pra que possamos acalentar nossa saudade aqui!

Aécia Leal- Com informações do Portal Wikipédia e do Portal R7.