quarta-feira, 13 de maio de 2009

UM MERGULHO NA HISTÓRIA



FRANCISCO FERNANDES VIEIRA: O BARÃO E VISCONDE DO ICÓ





"Francisco Fernandes Vieira, O Barão e Visconde de Icó. Nasceu na Vila de Saboeiro, Província do Ceará, em 20 de maio de 1784, e morreu em 09 de Julho de 1862. Era latifundiário e grande criador de gado e muito influente na região do sertão central do Ceará. Era sogro do barão de Aquiraz. Influente político,tendo feito parte do Governo Provisório empossado em 23 de Janeiro de 1823. Era Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro. Foi agraciado com o título de Barão de Icó através do Decreto de 14.03.1826, que era um título de origem toponímica utilizando-se do termo Icó, hoje município do Estado do Ceará.



Teve três filhos com Ana Angélica Vieira Fernandes Vieira: O Senador Manuel Fernandes Vieira, Ana Fernandes Vieira, primeira esposa de Gonçalo Batista Vieira, Barão de Aquiraz e Senhorinha Fernandes Vieira, segunda esposa do mesmo Gonçalo Batista Vieira, Barão de Aquiraz. Do segundo casamento com Ana Angélica Braga Fernandes Vieira, teve treze filhos, dentre as quais Glória Fernandes Vieira, nascida em 1818, que após viuvar de José Gomes Leal, casou com José Frutuoso Dias, Major ajudante da Guarda Nacional é esse consórcio que cela o pacto político familiar, entre o Barão de Icó e o Clã de Frutuoso Dias. José Frutuoso Dias Filho, neto do Barão do Icó, casou-se em 05.03.1864, com sua prima legítima Joana Isabel Dias, a lendária D. Janoca do Icó.




Fernandes Vieira era o chefe político da região central do Ceará e Inhamuns, hegemônico desde o final do século XIX, com o grupo chamado de “Carcarás”, ligados a grupo designado de “Constitucionalistas” constituído de fazendeiros e latifundiários. A derrocada hegemônica desse grupo, os “Carcarás” foi articulada a partir da junção dos liberais e conservadores, do qual o Barão do Crato, Bernardo Duarte Brandão, foi um dos articuladores e o principal líder político em Icó, tendo ocorrido paulatinamente a partir de 1864.




O golpe final no velho Barão do Icó, foi a ascensão política do grupo do Senador Pompeu, sogro do Dr. Antonio Pinto Nogueira Acioli, o futuro Comendador, que governou a Província do Ceará por várias décadas, ultrapassando a Monarquia e participando da implantação da República. O gesto maior da derrota política de Fernandes Vieira e seus aliados icoenses foi o agraciamento de Bernardo Duarte Brandão, icoense nato, como Barão do Crato, que pois por terra a hegemonia do velho barão e do clã de Frutuoso Dias.




D. Janoca do Icó, sua neta por afinidade, e inimiga de declarada do Bernardo Duarte, o Barão de Icó e do Dr. Antonio Pinto Nogueira Acioli, articuladores da transferência forçada de seu pai que era Comandante Superior da Guarda Nacional para Lavras e Telha, fato que nunca perdoou, o que significou o fim do mando do clã Dias em Icó. D. Janoca morreu em Cedro, em 06 de setembro de 1935, com 87 anos de idade. "





O Escritor Ronaldo Correia de Brito, com quem tive o prazer de manter contato por email, nasceu nas terras que outrora pertenceram ao Visconde do Icó. Ele me falou de alguns fatos que quero pesquisar e registrar aqui no blog, como por exemplo, uma casa pertencente ao Visconde, no Monte do Carmo, que tinha uma soma de 114 portas e janelas. Veja um trecho de um dos emails que recebi de Ronaldo: "...Em 1975/1976 fiz um filme de ficção - Lua Cambará - e parte dele foi rodado aí em Saboeiro. Fiquei chocado com a destruição do patrimônio arquitetônico. A casa do Visconde do Icó, no Monte do Carmo, que teve 114 portas e janelas (acho que o número é esse mesmo) estava totalmente destruída. A casa da filha dele ainda tinha algumas paredes de pé. A casa do Monte Alverne, onde descobri uma estátua de mármore de Carrara (cidade da Itália) - eram quatro na entrada da casa - também estava arruinada. A estátua de mármore, uma preciosidade, havia sido danificada - as pessoas a quebraram procurando moedas de ouro dentro. Parece mentira.Tenho fotos desse período e posso mandar algumas. Tenha paciência porque sou mesmo uma pessoa muito ocupada, mas tenho interesse em ajudá-la..."
E como será preciosa essa ajuda, meu caro Ronaldo....
Saboeiro é uma cidade sem memória. Temos muita coisa a resgatar. Como o próprio Ronaldo me dissse, no mesmo email, " A história dos Inhamuns é uma das mais ricas do país. Nossa colonização foi muito semelhante à da Terra Prometida, feita pelo povo hebreu. Temos uma épica que dá para encher livros e mais livros". Preciso da população saboeirense pra trazer a tona esse passado tão glorioso, de homens como O Visconde do Icó e sua família, e muitos outros que estão fossilizados na memória de nossa gente.
Segundo Ronaldo, quando Walter Sales estava fazendo as locações para Central do Brasil (você conhece esse filme que ganhou muitos prêmios, inclusive foi candidato ao Oscar?) ele passou pelos Inhamuns e pelo Saboeiro e considerou a região uma das mais belas que havia conhecido."
Interessante isso, né? Então, saboeirenses, temos todos os motivos do mundo pra nos orgulharmos de nosso torrão natal, e pra nos movermos no sentido de fazê-lo crescer.

2 comentários:

  1. Aécia, fez bem em relatar isso no seu blog pq muita gente não conhece nem um pouco do histórico de Saboeiro. Por isso vemos muitas coisas que vemos hoje em dia.. gente falando demais, falando mal da cidade sem ao menos saber como ela foi fundada e os principais personagens que fizeram toda a diferença na história dessa que é uma das mais antigas e na minha opinião, uma das mais lindas do Ceará. Para ser cidadão precisamos saber um pouco de nossa história... Já que as pessoas não vão até a fonte de pesquisa, esse foi um ótimo trabalho que você fez levando a pesquisa as pessoas! PARABÉNS!

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  2. Parabéns por continuarem na preservação da história do Saboeiro, que muito reflete o processo de construção desta grande civilização do Sertão semi-árido, numa epopéia desconhecida da grande maioria dos nordestinos e do povo brasileiro. Um povo sem história é um povo sem memória, vegeta no presente e se degenera no futuro! Um forte abraço para todos os saboeirenses e dos sertões infinitos e mui heróicos dos Inhamuns!!! (George Emílio Bastos Gonçalves)

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